No último dia 09 de fevereiro, participei de um mutirão na Vila das Borboletas, projeto sustentável que tem como uma das premissas a Permacultura, um movimento iniciado na década de 70 por Bill Mollison e David Holmgren, cujo nome nasce do termo “Permanent Agriculture” (Agricultura Permanente).
![](https://porumrecomeco.com/wp-content/uploads/2019/02/permacultura-hiberadobe.jpg)
Hoje a Permacultura passeia desde uma metodologia até uma filosofia de vida, e tem como base 3 acordos éticos:
- Cuidar da Terra;
- Cuidar das pessoas;
- Cuidar do Futuro.
Por trazer uma visão ampla de vivência harmônica com o meio ambiente e com nós mesmos, um movimento que deveria servir de base para agricultores e construtores, tem ganhado cada vez mais espaço na vida das pessoas em geral.
Para continuarmos nesta história e entendermos como a permacultura pode mudar a sua vida, vamos falar um pouco mais sobre o conceito. A metodologia da agricultura permanente parte do princípio de que devemos trabalhar junto com o meio ambiente de maneira sustentável, de uma forma onde tudo feche em um ciclo saudável para qualquer forma de vida.
Esta metodologia ou filosofia, faz com que quem a pratique pare constantemente para analisar os impactos da sua forma de viver, aliando muito bem técnicas ancestrais de menor impacto, com o aperfeiçoamento das mesmas e se necessário a inclusão de tecnologias, onde há uma compreensão macro sobre as coisas, por exemplo, em uma plantação:
- será utilizado um solo com declive necessário para melhor irrigação, e a água será ao máximo captada pela chuva ou por alguma nascente do terreno;
- o solo será alimentado com nutrientes naturais e os bichinhos serão expulsos por uma combinação de plantas, como a pimenta (Observação importante: hoje já se sabe que muitos desses bichinhos e pragas aparecem por que a monocultura faz com que o solo não seja saudável, então, se há diversidade de plantas o risco de pragas é muito menor);
- este alimento que, já gerou pouco impacto para ser plantado e irrigado, e está livre de agrotóxicos, será colhido e consumido com todas as “imperfeições” que nas plantações comuns seria descartado;
- o que realmente não pode ser aproveitado, irá para compostagem, processo que transforma o alimento em adubo e servirá de nutriente para a próxima plantação.
Este é um exemplo simplista, mas mostra como na permacultura pensamos de uma maneira circular.
O objetivo do Por Um Recomeço não é trazer dados muito técnicos, mas sim te falar sobre experiências que podem transformar seu modo de se conectar com o mundo. Por isso indico o site da UFSC e do Ipoema para informações mais profundas, e ainda assim muito simples de entender.
Desde que comecei a entrar em contato com o conceito, minha visão sobre sustentabilidade e modo de viver ampliou de uma maneira que eu jamais poderia imaginar, por dois grandes motivos, o primeiro é que a permacultura vem resgatando e criando técnicas altamente sustentáveis e com capacidade produtiva (coisa que geralmente não é possível na crença popular sobre sustentabilidade), e o segundo é que ela me trouxe um entendimento maior sobre o impacto de cada ação minha, não só para o meio ambiente, mas também para o meu próprio corpo físico e mental.
É incrível o empoderamento que senti a partir do momento que entendi que poderia viver de uma maneira mais confortável, saudável e integrada, pelo simples fato de reconhecer que eu faço parte da Natureza e que todo movimento que faço para fora tem grande impacto para dentro. E este sentimento é tão verdadeiro que o número de pessoas que estão se conectando à permacultura está cada vez maior, indo além daqueles que trabalham com sustentabilidade e alcançando pessoas de todas as idades e vivências possíveis, que estão mudando as suas vidas em busca de harmonia.
Um ótimo exemplo disso foi este mutirão que participei na Vila das Borboletas. O evento tinha como objetivo o início da bioconstrução de dois chalés de hiperadobe (técnica de construção de barro, onde a terra é ensacada em sacos de polipropileno no tamanho desejado para a construção) e aconteceu durante um final de semana.
Lá encontrei pessoas que vieram de outras cidades e com objetivos diferentes, como aplicar a técnica para aumentar o seu leque no trabalho, para aprender e fazer uma mudança de carreira, para conseguir construir a sua casa com suas próprias mãos, para fazer parte da construção de um lugar que acredita, ou apenas para participar de um evento de sustentabilidade.
O movimento gerado foi tão interessante que em pouco tempo e com pouca divulgação, cerca de 40 voluntários (30 para acampar) apareceram dispostos a ajudar com seu trabalho, com comida, e com muita energia boa.
Foi um final de semana intenso, de muito sol e trabalho, mas a sinergia era tão interessante e o objetivo de um mundo melhor era tão forte, que era nítida a alegria das pessoas, que na sua grande maioria nem se conheciam, mas tiraram um final de semana para ajudar em um projeto e puderam aprender como multiplicar o conhecimento em sua jornada.
A mistura de adultos, jovens e crianças que trabalhavam, trocavam ideias construtivas, se ajudavam e se divertiam, me fez reforçar ainda mais a ideia que a permacultura trouxe já no meu primeiro contato, “é possível viver de uma maneira mais leve e harmônica”.
Sou grata por ter compartilhado estes dias com pessoas dispostas a doar e a receber, grata à Vila das Borboletas por proporcionar esta vivência e grata por ter entrado em contato com uma metodologia/filosofia que mostra que a sustentabilidade não é algo radical e de fora para dentro, mas é algo natural que acontece de dentro para fora.
Para participar de movimentos como estes existem 3 caminhos fáceis:
- Procurar eventos de permacultura no Facebook.
- Procurar grupos de permacultura ou agrofloresta no Facebook, lá é sempre divulgado eventos como estes.
- Fazer work exchange em lugares ecológicos, ou seja, viajar e se hospedar em troca de trabalho. Eu falei um pouco mais sobre este tipo de viagem neste post.
Você ainda pode acessar a página da Vila das Borboletas pelo Facebook ou pelo Instagram para ficar de olho nos próximos mutirões.
![](https://porumrecomeco.com/wp-content/uploads/2022/09/permacultura-e1664152993208.jpg)
Claro, além do trabalho, os momentos de lazer foram compensadores, como tomar banho no rio, comer, tocar violão e conversar na fogueira até altas horas e admirar as estrelas do céu maravilhoso que fez no final de semana, tudo com a grande oportunidade de conhecer pessoas incríveis com histórias tão diversas e com objetivos comuns que nos fortalecem.
Experimente!
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