Você quer conhecer o Parque Nacional de Jericoacoara, mas quer fugir do padrão? Então você está no lugar certo! Eu morei ali por um ano e conheço várias dicas locais para você aproveitar o melhor da vila, sem cair em pegadinhas para turistas, sem gastar demais e ainda mantendo o respeito à natureza grandiosa daquele lugar. Descubra como viajar de forma autêntica, com um roteiro alternativo de Jericoacoara que preparei para você.
A Vila de Jericoacoara (ou “Jeri”, para os íntimos) é um dos destinos brasileiros mais procurados para viajar. Localizada no Ceará, por muitos anos, a vila manteve seu isolamento natural. Cercada pelo mar e por 10km de dunas móveis que a rodeiam, Jericoacoara era uma vila habitada somente pelos caiçaras, sem energia elétrica, sem grandes empreendimentos, sem luxo algum. Como era de difícil acesso aos turistas, quem chegava por lá se hospedava na casa dos pescadores, buscando uma experiência raiz, de conexão com a cultura local e com a natureza abundante do local.
Por conta de sua localização privilegiada, seus encantos naturais e o vento propício para a prática de esportes aquáticos, Jeri rapidamente se tornou um destino turístico muito buscado. Hoje, toda essa região se tornou Parque de Preservação Nacional, com regras rígidas que proíbem a habitação, restringem o trânsito de veículos, entre outras medidas a fim de preservar o ecossistema, seus recursos e limitar o crescimento da vila.
Contudo, muito embora mantenha como fachada algumas de suas características originais, há muito tempo a vila já não oferece uma experiência nativa aos seus visitantes.
Atualmente, em alta temporada, a vila fica super lotada, amontoando multidões nos mesmos pontos turísticos e replicando o mesmo passeio para todos os visitantes, sem nenhuma autenticidade. Para conhecer Jeri de forma alternativa, fugir do óbvio, ainda com responsabilidade socioambiental, deixo algumas dicas que coletei com a minha vivência na região, o que há de interessante para fazer – e o que evitar.
Como chegar
Muitos dos pontos turísticos da região não ficam exatamente na vila de Jericoacoara, mas nas cidades ao lado, como Jijoca. Mesmo assim, vale passar um tempo dentro da vila, que tem sua dinâmica particular. Para chegar em Jeri, é preciso atravessar os quilômetros de dunas do Parque Nacional. Existem algumas formas de fazê-lo com tranquilidade.
- Se você vem de avião, do aeroporto, existem transfers, buggys, quadriciclos, que te levam até a vila, quando contratados. Ficam logo na saída do aeroporto, competindo preços e chamando clientes. Aqui, vale uma ressalva. Nem todo veículo tem permissão de entrar da vila de Jericoacoara. Se possível, verifique diretamente com o motorista se o veículo que está contratando tem essa permissão, senão, só poderão ir até a entrada da vila (que pode ficar a até 2km da sua hospedagem);
- Se você está de carro próprio, os mais altos, com 4×4, como é o caso da Hilux, chegam na vila com tranquilidade na maré baixa. Atente-se à tábua de marés e às chuvas. Se for com carro baixo ou sem tração 4×4, melhor não se arriscar. É preciso se manter no trajeto correto, ou se está sujeito a uma multa. É só seguir os carros que estão indo para não se perder em meio à areia. Na vila, há um estacionamento que cobra um valor fixo por dia (aproximadamente R$40,00,). Carros de visitantes não transitam dentro de Jericoacoara e devem ser deixados no estacionamento;
- Se está viajando de transporte público ou a pé das cidades vizinhas, há a opção de pegar uma carona. Tanto de Jijoca como da praia do Preá, saem diariamente carros oferecendo carona por uma taxa pequena. É a forma mais barata de chegar, mas precisa ser em um ponto específico da cidade (e não passam a qualquer hora do dia) – é como os locais fazem o percurso diariamente, para trabalhar.
Aonde se hospedar
Embora muitos pontos turísticos fiquem em Jijoca, a cidade em si é bem urbana, não tem praia, nem muita natureza, mas bastante trânsito e comércio. Não recomendo a hospedagem por lá, se você busca tranquilidade e conexão com a natureza.
Outra opção seria se hospedar dentro da própria vila de Jericoacoara, evitando as idas e vindas. Contudo, durante a alta temporada, Jeri fica superlotada, sobrecarregando suas estruturas de esgoto, polícia, saúde e até as praias. O ideal é se hospedar em Jericoacoara durante a baixa temporada.
O que sim recomendo (em qualquer das temporadas) é se hospedar nas cidades praianas vizinhas. Tatajuba e Preá têm bastante estrutura, natureza abundante, hospedagens de altíssimo padrão e ótimos restaurantes. Barrinha de baixo é também uma boa opção, por ser um vilarejo de pescadores, conserva sua originalidade e tem estadias bem mais baratas.Das cidades próximas, a minha favorita é a praia do Preá, que tem estrutura de cidade, mas mantém seu espírito praiano e acolhedor. Deixo aqui duas indicações de pousadas em que garanto que há uma boa acolhida, respeito com à natureza que circunda, autenticidade e ainda uma cama bastante confortável para descansar:
Das cidades próximas, a minha favorita é a praia do Preá, que tem estrutura de cidade, mas mantém seu espírito praiano e acolhedor. Deixo aqui duas indicações de pousadas em que garanto que há uma boa acolhida, respeito com à natureza que circunda, autenticidade e ainda uma cama bastante confortável para descansar:
Preá Kite House, Praia do Preá
A poucos metros da Praia do Preá, essa pousada oferece um ambiente aconchegante e completo. Com cozinha compartilhada, wi-fi gratuito e uma ótima localização é um lugar delicioso para se hospedar. O Preá Kite House fica a 12 km da Duna do Pôr do Sol e a 8,9 km do Farol de Jericoacoara. O aeroporto mais próximo é o Aeroporto Regional de Ariston Pessoa, a 17 km da pousada.
Chalet du Kite, Praia do Preá
Um local discreto e privativo, com vista para o mar e a 11 km da Pedra Furada. No Chalet du Kite você terá quartos com ar-condicionado e banheiro privativo. Além de comodidades como wi-fi e cozinha completa, a hospedagem também oferece aluguel de bicicletas. O Chalet du Kite fica a 15 km da Duna do Pôr do Sol e a 11 km do Farol de Jericoacoara. O aeroporto mais próximo é o Aeroporto Regional Ariston Pessoa, a 15 km da pousada.
Pontos turísticos na região
Praias
Para fugir do fluxo turístico, que se concentra na praia principal, a Praia da Malhada tem o melhor banho de Jericoacoara, com uma natureza abundante e fica ao lado do Serrote, em que é possível fazer várias trilhas.
Também indico um passeio para desbravar o próprio Parque Nacional a pé. Embora não se vá encontrar ninguém além dos jumentos (leve água!), muitos locais saem para fazer piqueniques cedo de manhã ou no fim da tarde. As praias do parque são imperdíveis – a alguns quilômetros de distância da vila, andando para o lado do Preá, ficam as praias mais limpas que já vi, cujo banho é certeiro.
Lagoas
Na região de Jijoca, são dois os locais de água doce natural: a Lagoa Azul e a Lagoa do Paraíso. Na verdade, ambas são a mesma lagoa, que se divide em dois braços. Pela minha experiência, a Lagoa Azul é excessivamente turística, com alguns restaurantes de preço elevado e qualidade mediana.
Recomendo os passeios pela Lagoa do Paraíso – apesar dos famosos beach clubs, que não trazem grandes atrativos e definitivamente não se preocupam com a responsabilidade ambiental e social, além dos preços abusivos, a Lagoa é limpa para banho, tem um pôr-do-sol fantástico e pode ser um programa bem acessível.
Para isso, tenho uma dica de ouro para te dar! Em ambas as lagoas, existem trechos que são abertos, em que a areia fica à disposição do público e a água, convidativa. É lá que os locais vão fazer um churrasquinho de final de semana, podendo tomar banho em água cristalina. Na Lagoa do Paraíso, sei que alguns desses trechos ficam no caminho para o famoso Alchymist Club.
Passeios
Os passeios são ofertados por toda a cidade, mas muitos deles podem ser feitos de carro 4×4, contanto que se atente à tabua de marés. Se você não estiver com um veículo que suporta tanta areia, o jeito é ir de buggy ou quadriciclo.
Não são passeios baratos – nem no bolso, nem para o meio ambiente, mas fazem parte do turismo local e, quando feitos com responsabilidade, não tem tanto impacto. De preferência, verifique se os profissionais são credenciados, para rodar com um veículo regulamento e se o motorista é uma pessoa local, que pode ir te contando curiosidades regionais pelo caminho.
Os passeios para o Litoral Leste tem como principal atrativo, a praia do Preá e as lagoas – ambos podem ser acessados de carro com ou sem 4×4. Recomendo que fuja da Árvore da Preguiça e do Buraco Azul, que é artificial, tem taxa para entrar e é excessivamente turístico.
Já os passeios para o Litoral Oeste chegam até Tatajuba, praia bastante isolada, com dunas de um pôr do sol imperdível. Esse trajeto não pode ser feito por outro veículo – só buggy ou quadri. Vale super a pena! Também recomendo os passeios para Barrinha, que podem ser feitos por todo tipo de veículo. Barrinha é um vilarejo de pescadores, com uma linda praia, boa de banho e de kitesurf, rodeada por dunas, além de uns dos restaurantes mais gostosos da região. Quem vai para Jeri precisa passar por lá.
Aonde comer
Dentro da vila de Jericoacoara existem restaurantes dos mais simples até os mais elegantes, com culinárias de diferentes partes do mundo. Quando estive lá, gostei muito do Boteco Pará, que oferece uma experiência de comida paraense muito saborosa, do La Tarantella, que faz uma ótima comida italiana raiz, e, para uma comida rápida perto da praia principal, Sandwicheria, com seus sanduíches vegetarianos perfeitos, Los Locos, com hambúrguer, ou Cuzco, que tem um ceviche maravilhoso. Ainda, preciso recomendar os sorvetes da Janela do Armazém, criativos e saborosos.
Já na praia do Preá, são muitos os restaurantes, mas muita a rotatividade. De temporada para temporada, o cenário gastronômico tem mudanças consideráveis. O Google oferece diversas indicações, mas, para fugir do óbvio, indico uma refeição no Balcón Restaurante, pé na areia, com vista do pôr do sol, o Balcón oferece comidas frescas, como pokes, saladas e baos. Tudo super gostoso e com um atendimento agradável. Para almoçar um PF, o Gabiroba tem a comida mais honesta e com gostinho de casa. Para jantar, vale a pena conhecer o Na Casa Dela, com ambiente intimista retrô e comida bem gostosa. Por lá, também rolam as festas mais legais do Preá, vale a pena ficar de olho.
Por fim, não posso deixar de mencionar o meu restaurante favorito da região: o Terral Gastronomia. Eu pegava o carro sempre e dirigia até Barreirinhas só para comer uma refeição lá. Culinária regional real, com respeito à sazonalidade dos ingredientes, comida vegetariana bem pensada, pé na areia, preço honesto e atendimento impecável. Qualquer pedida por lá, é certa!
Dicas extras para conhecer Jericoacoara de forma responsável
- Como viajantes, sempre devemos ter o cuidado de conhecer os destinos da forma mais responsável possível – conosco, com a população e com o meio ambiente. Mas, em se tratando de um destino de turismo massivo, que já faz morada às grandes multinacionais, com uma natureza única no mundo, a responsabilidade se torna ainda maior.
- Todo cuidado é pouco na hora de conhecer Jericoacoara, que merece ter seu entorno preservado, para que os turistas e locais possam aproveitar por muitos mais anos. Para isso, lhes ofereço dicas extras, essenciais para tornar sua viagem ainda mais responsável.
- Não deixe nada por onde passar! Leve todo o lixo para uma lixeira.
- Cuidado ao transitar pela praia de carro. A areia é dura, possibilitando o trânsito, mas a maré pode mudar e deixar seu carro embaixo do mar. Consulte as tábuas de maré sempre.
- Evite transitar pelo Parque Nacional fora do trajeto oficial. Você pode tomar uma bela multa ou atolar em dunas de areias fofas.
- Deixe de comprar de grandes empresas, dando prioridade aos mercados/lojas locais.
Aproveite cada momento da viagem! Jericoacoara é um destino único no mundo que, com a colaboração de todos que o visitam, pode ser dos lugares mais badalados do Brasil por muitos mais anos, sem perder a essência praiana, hospitaleira e autêntica, pelo qual Jeri é tão amada.
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